Balanço do ano lectivo

Mais um ano lectivo chegou ao fim e, como todos os finais, também este tem direito a balanço. Nestas alturas, somos tentados a esquecer o menos bom e a enfatizar o que correu bem e o que nos trouxe felicidade, talvez porque isso nos ajuda a acreditar que somos (quase ) perfeitos e que controlamos todos os nossos actos e até mesmo alguns imprevistos. Às vezes esquecemo-nos que é a nossa memória das coisas que nos permite melhorar, avançar e crescer. E essa tem que manter-se viva, lúcida e geradora de mudança.
O ano lectivo da UTIARPE que agora acaba não foi fácil, nem para a Instituição, nem para os alunos, nem para os professores. Houve reajustamentos, reformulações, o status quo foi questionado, as diferenças foram confrontadas e, no final, saímos todos mais fortes e orgulhosos do sentido de responsabilidade e total dedicação com que todos os pequenos diferendos foram sendo ultrapassados. Não queria, pois, deixar de prestar a minha homenagem a todos quantos, desde a sua fundação, tornaram possível a UTIARPE que temos hoje e também a todos aqueles que, no presente, continuam disponíveis e empenhados na consecução dos ideais da Instituição deixar uma palavra de incentivo para que sigam em frente, com o trabalho e a audácia que lhes é peculiar.
Não resisto a referir aqui o nome a quem devo a minha entrada no mundo da UTIARPE – a professora Manuela Tolda. Não vou referir aqui as relações intitucionais que, por força dos cargos que detínhamos na altura, levaram ao protocolo assinado entre esta Universidade e a Escola Secundária de Maria Lamas; a minha homenagem à Manuela é pessoal e intransmissível: pelo entusiasmo, pela convicção dos seus ideais, pela sensatez, pelo conselho certo e, sobretudo, pela amizade.
Quanto ao âmbito restrito das minhas aulas e do grupo com que me tenho relacionado mais directamente, nos últimos anos, gostaria de me referir a ele não caindo em lugares-comuns porque tal seria uma enorme injustiça uma vez que, não ser “ comum” é a sua principal característica. Dizemos que a curiosidade é própria dos jovens e louvamo-la como sinal de não conformismo e sintoma de uma vivacidade compreensível e desejável nessa idade. Temos até, alguma tendência para acharmos que ela se vai perdendo com a idade, face ao choque de “ realismo” com que a vida nos vai presenteando. A verdade é que este grupo surpreende exactamente porque vai para além do óbvio, dos dados adquiridos e busca activamente respostas para as interrogações que lhes vão sendo colocadas por si próprios ou pelo mundo que os rodeia. Num mundo em que muita gente vive numa relativa indiferença sobre o que acontece à sua volta, este grupo precisa de se manter participante e informado, precisa de saber o que acontece aqui ao lado e do outro lado do mundo, quem decide, por que decide, de onde vimos, quem somos e para aonde vamos. E, sobretudo, centra grande parte da sua energia em perceber como é que cada um deles pode fazer a diferença. Esta postura face às aprendizagens faz deles alunos bem sucedidos que são o orgulho de qualquer professor: pelo seu empenho, assiduidade, e assinalável performance académica. Se, de facto, a importância das pessoas se mede pela falta que nos fazem , este é, sem dúvida , um grupo muito especial.